sábado, 17 de janeiro de 2015

“A Enciclopédia de Arte Culinária da Tia Thereza” – 3º volume


A intenção da autora é dar um ar de sofisticação ao livro e às suas receitas, com capítulos como “Jantar de Cerimônia” e muitos pratos com nomes em francês, o que era ainda bem comum, além do inglês, do italiano entre outros. Junto aos capítulos, a autora dá uma breve explicação do evento e da etiqueta e protocolo a ser servido. Em “Uma recepção elegante”, ela discorre:

Os salões deverão estar iluminados e floridos. Os donos da casa esperarão no hall, a chegada dos convidados e aí ficarão recebendo, conversando com alguns amigos e verificando se todos estão sendo encaminhados para os salões. Os íntimos costumam ajudar a receber, fazendo apresentações e conduzindo as pessoas aos salões de buffet.


Este volume, assim como os demais, é dividido em capítulo e alguns com horários e uma sumária explicação do que é o evento e os pratos as serem servidos (seguidos, claro, de suas receitas), além das explicações como a feita anteriormente. Alguns exemplos como Coquetel Party (com recomendação de horário das 18 às 20  horas), com receitas de coquetéis (com e sem álcool) e comidas salgadas e comidas doces. Receitas como Milk Stocking coquetel e Brochettes D’Huître fazem parte do cardápio. 

Vejam outros exemplos: Pratos para festas - com receitas de lagostas, filés mignons e vários nomes em francês, do tipo “Suprème de Volaille à la Vogue”). Churrasco de Campanha (onde ela explica que a carne preferencial para este tipo de refeição é o de “novilho, novo e gordo, ou de cordeiro, sacrificado na véspera, à tarde, para sangrar convenientemente e amolecer a carne.” Segue ainda falando em poder “churrasquear” e “carnear” porco, galinha e linguiça. No final, faz uma pequena diferença com o churrasco de jardim, o barbecue. Uma Festinha – “É uma reunião simples, organizada, quase sempre, pelos jovens da casa”.

Acredito que algumas receitas beirem as raias da impossibilidade de execução: “Galinha D’angola ou Faisão com repolho de Bruxelas”.

Contudo, é interessante analisar a mentalidade de uma classe claramente dominante, onde o estrangeiro, o diferente e o sofisticado eram as coisas que valiam, enquanto o folclore, o popular e as tradições orais não tinham vez nas publicações. Hoje, em movimento inverso, buscamos preservar nossas raízes, tradições, salvaguardar o patrimônio imaterial, buscar, pesquisar, analisar. Ainda temos exemplos de livros como estes e eles tem o seu valor documental, como pudemos ver aqui.  É inegável a influência de outros países na nossa formação, principalmente a francesa, mas hoje podemos recriar e reelaborar esses conceitos para o nosso cotidiano. A internet, as mídias sociais, os blogs, possibilitam que todos possam nos contar o que acontecia e o que ainda acontece em muitos recantos do país. 

Espero que tenham gostado da Tia Thereza.


Até sábado que vem! J

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