“A Enciclopédia de Arte Culinária
da Tia Thereza” – 3º volume
A intenção da autora é dar um ar
de sofisticação ao livro e às suas receitas, com capítulos como “Jantar de
Cerimônia” e muitos pratos com nomes em francês, o que era ainda bem comum,
além do inglês, do italiano entre outros. Junto aos capítulos, a autora dá uma
breve explicação do evento e da etiqueta e protocolo a ser servido. Em “Uma recepção elegante”, ela discorre:
Os salões deverão estar iluminados e
floridos. Os donos da casa esperarão no hall,
a chegada dos convidados e aí ficarão recebendo, conversando com alguns amigos
e verificando se todos estão sendo encaminhados para os salões. Os íntimos
costumam ajudar a receber, fazendo apresentações e conduzindo as pessoas aos
salões de buffet.
Este volume, assim como os
demais, é dividido em capítulo e alguns com horários e uma sumária explicação
do que é o evento e os pratos as serem servidos (seguidos, claro, de suas
receitas), além das explicações como a feita anteriormente. Alguns exemplos
como Coquetel Party (com recomendação de
horário das 18 às 20 horas), com
receitas de coquetéis (com e sem álcool) e comidas salgadas e comidas doces.
Receitas como Milk Stocking coquetel
e Brochettes D’Huître fazem parte do
cardápio.
Vejam outros exemplos: Pratos
para festas - com receitas de lagostas, filés mignons e vários nomes em francês, do tipo “Suprème de Volaille à la
Vogue”). Churrasco de Campanha
(onde ela explica que a carne preferencial para este tipo de refeição é o de
“novilho, novo e gordo, ou de cordeiro, sacrificado na véspera, à tarde, para
sangrar convenientemente e amolecer a carne.” Segue ainda falando em poder
“churrasquear” e “carnear” porco, galinha e linguiça. No final, faz uma pequena
diferença com o churrasco de jardim, o barbecue.
Uma Festinha – “É uma reunião
simples, organizada, quase sempre, pelos jovens da casa”.
Acredito que algumas receitas
beirem as raias da impossibilidade de execução: “Galinha D’angola ou Faisão com
repolho de Bruxelas”.
Contudo, é interessante analisar a mentalidade de uma classe claramente dominante, onde o estrangeiro, o diferente e o sofisticado eram as coisas que valiam, enquanto o folclore, o popular e as tradições orais não tinham vez nas publicações. Hoje, em movimento inverso, buscamos preservar nossas raízes, tradições, salvaguardar o patrimônio imaterial, buscar, pesquisar, analisar. Ainda temos exemplos de livros como estes e eles tem o seu valor documental, como pudemos ver aqui. É inegável a influência de outros países na nossa formação, principalmente a francesa, mas hoje podemos recriar e reelaborar esses conceitos para o nosso cotidiano. A internet, as mídias sociais, os blogs, possibilitam que todos possam nos contar o que acontecia e o que ainda acontece em muitos recantos do país.
Espero que tenham gostado da Tia
Thereza.
Até sábado que vem! J
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