sábado, 17 de janeiro de 2015

Sábado é dia de post! E como vai ser o primeiro post pra valer, ele vai ser duplo!

Então, aproveitem! Dúvidas, sugestões, críticas e elogios, é só falar! :D

O livro de receitas escolhido para ser o primeiro na análise, foi o 3º volume da “Enciclopédia de Arte Culinária da Tia Thereza”, que ilustra nossa foto. Composto por 3 volumes, foi editado em 1978 pela Editora Egéria S.A, de São Paulo.

A autora não é citada (provavelmente os padrões ABNT eram outros e bem baixos, pois não há todas aquelas informações que hoje existem nos livros); a única autora com nome de “Thereza” de livros de culinária é Maria Thereza A. Costa, mas temos dois problemas aí: o primeiro é que, Maria Thereza já era uma escritora na década de 1950, então, por que se apropriar de um apelido e não assinar seu nome já conhecido na década de 1970? Outra questão é que, por não haver o nome da autora explicito, pode ter sido somente uma compilação feita pela editora, mas mesmo assim, fica omitido o nome de seu organizador. Caso alguém saiba estas informações, fique à vontade para ajudar!

Pelo nome, já podemos perceber que a autora (ou a editora) quer ter alguma proximidade com suas leitoras (digo leitoras no feminino, pois era o público-alvo) se autodenominando “tia”, evocando uma ideia das tias cozinheiras (como ‘tia’ Nastácia, do Sítio do Pica-Pau Amarelo). Entretanto, ao olharmos as receitas, veremos que essa ideia do trivial é diametralmente oposta ao que foi publicado.

O livro foi bastante popular na sua época, uma vez que, dentro das doações que recebo de livros, havia duas coleções completas e mais este terceiro volume avulso.
Quando da edição deste livro, não era muito comum termos chefs de cozinha na quantidade que temos hoje e as mulheres eram as grandes “sabedoras” dos conhecimentos culinários. Eram as donas das panelas e mulher que sabia bem cozinhar era considerada “casadoira” (é só lembrar que – até hoje, infelizmente – quando uma mulher faz alguma coisa gostosa na cozinha, sempre vem aquele que fala “Já pode casar”).

Entretanto, as receitas eram provavelmente uma cópia dos livros estrangeiros e o mais importante era o status, não só de escrever o livro (status que existe até hoje), mas de mostrar que dominava a etiqueta e as boas maneiras, haja vista as indicações que nos foram dadas ao longo dos capítulos.  O que também acontecia, é que as donas de casa mais abastadas não faziam todo o cardápio de uma festa, pois contavam com diversas ajudantes de cozinha além de uma cozinheira e raramente assumiam o comando da cozinha. Só entregavam o que havia de ser feito e pronto. De novo, o status.

As receitas não eram testadas em sua maioria, pois uns instantes na cozinha com aquele livro era suficiente para saber que algumas eram inviáveis. Cabe lembrar que quando da edição do livro, 1978, o país vivia uma estado de exceção e não havia possibilidade da dona de casa comum simplesmente desejar importar ou comprar facilmente alguns ingredientes para sua receita e alguns não eram produzidos aqui. Logo, estimo uma média de 10% das receitas terem sido realmente de família, ou seja, foram testadas e aprovadas, transmitidas oralmente por tias, avós, madrinhas, anotados em caderninhos de receitas, papel de pão ou recortada de revista...


Como eu falei acima sobre os chefs (que também são escritores), hoje eles testam suas receitas e mostram, o mundo requer isso deles. É o que eles fazem para viver. Também tem o Youtube e seus milhares de canais e os programas de TV; então ali mesmo, assistindo a receita, podemos decidir se dá para fazer ou não. O Facebook conta com grupos de diversos segmentos da culinária, cada um com a sua especialidade, conversando e trocando receitas. Tudo é muito dinâmico, mas o bom e velho livro de receitas ainda vende e é companheiro de muita gente.

Vejam no post seguinte que loucura eram os livros! 

Boa leitura!!!

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