Então, aproveitem! Dúvidas, sugestões, críticas e elogios, é só falar! :D
O livro de receitas escolhido para
ser o primeiro na análise, foi o 3º volume da “Enciclopédia de Arte Culinária
da Tia Thereza”, que ilustra nossa foto. Composto por 3 volumes, foi editado em
1978 pela Editora Egéria S.A, de São Paulo.
A autora não é citada (provavelmente
os padrões ABNT eram outros e bem baixos, pois não há todas aquelas informações
que hoje existem nos livros); a única autora com nome de “Thereza” de livros de
culinária é Maria Thereza A. Costa, mas temos dois problemas aí: o primeiro é
que, Maria Thereza já era uma escritora na década de 1950, então, por que se
apropriar de um apelido e não assinar seu nome já conhecido na década de 1970?
Outra questão é que, por não haver o nome da autora explicito, pode ter sido somente
uma compilação feita pela editora, mas mesmo assim, fica omitido o nome de seu
organizador. Caso alguém saiba estas informações, fique à vontade para ajudar!
Pelo nome, já podemos perceber
que a autora (ou a editora) quer ter alguma proximidade com suas leitoras (digo
leitoras no feminino, pois era o público-alvo) se autodenominando “tia”, evocando
uma ideia das tias cozinheiras (como ‘tia’ Nastácia, do Sítio do Pica-Pau
Amarelo). Entretanto, ao olharmos as receitas, veremos que essa ideia do
trivial é diametralmente oposta ao que foi publicado.
O livro foi bastante popular na sua época, uma vez que,
dentro das doações que recebo de livros, havia duas coleções completas e mais
este terceiro volume avulso.
Quando da edição deste livro, não
era muito comum termos chefs de
cozinha na quantidade que temos hoje e as mulheres eram as grandes “sabedoras”
dos conhecimentos culinários. Eram as donas das panelas e mulher que sabia bem
cozinhar era considerada “casadoira” (é só lembrar que – até hoje, infelizmente
– quando uma mulher faz alguma coisa gostosa na cozinha, sempre vem aquele que
fala “Já pode casar”).
Entretanto, as receitas eram
provavelmente uma cópia dos livros estrangeiros e o mais importante era o status, não só de escrever o livro (status
que existe até hoje), mas de mostrar que dominava a etiqueta e as boas
maneiras, haja vista as indicações que nos foram dadas ao longo dos
capítulos. O que também acontecia, é que
as donas de casa mais abastadas não faziam todo o cardápio de uma festa, pois
contavam com diversas ajudantes de cozinha além de uma cozinheira e raramente
assumiam o comando da cozinha. Só entregavam o que havia de ser feito e pronto.
De novo, o status.
As receitas não eram testadas em
sua maioria, pois uns instantes na cozinha com aquele livro era suficiente para
saber que algumas eram inviáveis. Cabe lembrar que quando da edição do livro,
1978, o país vivia uma estado de exceção e não havia possibilidade da dona de
casa comum simplesmente desejar importar ou comprar facilmente alguns
ingredientes para sua receita e alguns não eram produzidos aqui. Logo, estimo
uma média de 10% das receitas terem sido realmente de família, ou seja, foram
testadas e aprovadas, transmitidas oralmente por tias, avós, madrinhas,
anotados em caderninhos de receitas, papel de pão ou recortada de revista...
Como eu falei acima sobre os chefs (que também são escritores), hoje
eles testam suas receitas e mostram, o mundo requer isso deles. É o que eles
fazem para viver. Também tem o Youtube e seus milhares de canais e os programas
de TV; então ali mesmo, assistindo a receita, podemos decidir se dá para fazer
ou não. O Facebook conta com grupos de diversos segmentos da culinária, cada um
com a sua especialidade, conversando e trocando receitas. Tudo é muito dinâmico,
mas o bom e velho livro de receitas ainda vende e é companheiro de muita gente.
Vejam no post seguinte que loucura eram os livros!
Boa leitura!!!
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